sábado, 15 de maio de 2010

LITERATURA EM QUESTÃO

Da televisão para o papel

Foi como se ao longo de sua existência Jô Soares resolvesse anotar todas as piadas contadas durante as festas de família e depois unisse isso num volume. Essa é a impressão que se tem ao ler O ASTRONAUTA SEM REGIME (Editora L± 116 páginas). Mas isso não faz de Jô Soares menos genial no seu modo de narrar. O texto mantém os traços televisivos, o mesmo estilo, o mesmo aspecto, sendo que entre os contos encontra-se um humor inteligente e outros pouco engraçados; são fábulas, testes, frases, um dicionário imbecil, enfim, o livro mostra impresso o que Jô faz na televisão... Ainda assim, um bom livro de estréia.

Trecho:

“Os telegramas devem ser curtos, não só por causa do preço mas também para poupar o telegrafista que fica o dia inteiro sentado, batendo monotonamente numa única tecla. Um telegrafista é como um pianista que só tocasse o samba de uma nota só a noite inteira. Além disso o telegrama tem seus próprios códigos dentro do código Morse. Por exemplo: ponto é escrito ponto mesmo, por extenso, porque se o telegrafista em vez de escrever ponto, sinalizar apenas um ponto, estará escrevendo a letra “E”. viram como é simples? Quanto à virgula, nem se fala. Ninguém manda virgula por telegrama.” (página 58)

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Para não descrever fisionomia, é só olhar a fotografia. O que eu gosto mesmo é livro, o deleite da ficção, o caminhar tranqüilo por histórias de outros, ou aquele navegar mais conturbado pelos volumes de Filosofia; aperto por muitas vezes as mãos de Platão, discordo de Sócrates, aplaudo Ruy Barbosa, sendo meus camaradas. Construo o alicerce de minha vida com alfarrábios.