sábado, 29 de maio de 2010

RECEITAS DA MAMÃE

Requeijão Cremoso


1 litro de leite
6 colheres de maisena
1 pacote de manteiga (200 gramas)
1 colher de sal



Coloque tudo numa panela e leve ao fogo para cozinhar e deixe esfriar. Depois coloque tudo no liquidificador e coloque 1 lata de creme de leite; junta tudo e bate.

                                                                     


                                                                 
                                                     (Mamãe esperando os ingredientes esfriar)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O MEU LIVRO

Não sonho
Com estrelas

 
Capítulo 1
(Entrevista com a morte)
Parte III


Osmar, vestindo o mais perfeito terno preto, uma camisa branca e gravata vermelha, sorriu quando um homem a dez passos dele, com fones no ouvido e um pequeno microfone curvado na boca, anunciou:

— Entraremos no ar em trinta segundos.

Por sobre o tampo de vidro, as mãos se retorciam na expectativa dum colegial; os olhos vidrados na câmera ansiavam pela maior audiência do ano e conseqüentemente, dando-lhe um segundo aperto de mãos em Silvio Santos, trazendo para o escritório mais uma estatueta. Ora, fora para isso que passou três meses insistindo para que o adolescente lhe viesse desnudar a maligna.

Pensava constantemente nos melhores convidados para alvoroçar a arena com discordâncias. Pois bem, após tudo muito bem preparado, queria ver nos jornais do dia seguinte seu rosto – era um narcisista, um egocêntrico – lutava todos os dias para ser notícia.

Os segundos desapareceram, a contagem regressiva terminou, os holofotes caíram naquela fisionomia de mármore sorridente sendo observado não só pelos duzentos presentes – agora eram milhares de brasileiros fitando-o:

— Boa noite! – Os aplausos vieram num frenesi, fazendo-lhe alargar a felicidade; o ego dilatando com os ares de bem-amado. Prosseguiu ao diminuir da ovação: – Para entrevistar o obsequiado dessa noite, convidamos o psiquiatra e escritor, Mário Stanislaw...

A câmara mirrou o homem sentado ao lado direito do apresentador: mesmo assentado, percebia-se que ultrapassava os dois metros; os cabelos e a barba ruiva, contrastando com a pele branca, denunciavam uma descendência russa; no semblante sempre sério, o respeito imposto por um homem aborrecido – com um gesto de cabeça, quase imperceptível, cumprimentou a platéia. Trovejaram aplausos, e assim foi a cada exposição.

Na roda ainda encontrava-se, ao lado do psiquiatra, a diretora da Fundação de Estudos Para-normais, Cecília Garcia: branca ao extremo, pincelada na face à vermelhidão dum suíno, um corpo avantajado, busto abundante, cabelos negros preso num coque apertado e sorriso cândido, levantou as mãos rechonchudas num “olá” aos que a assistiam.

Do lado esquerdo de Osmar, o médium Flávio Drummond, com óculos de aros escuros acocorado na ponta do nariz fino, retirou os olhos acinzentados dos papéis que lia ao ser anunciado; não media mais que um metro e quarenta; corpo raquítico, e mesmo sendo de uma cor caramelo, parecia trazer na face e na calva, cores dum achaque. Todavia, quando disse “oi” para platéia, a voz lhe escapou como que vindo do céu, num formato de trovão, descombinado completamente com a compleição.

Completando a roda, posto ao lado do médium de propósito, estava Adolfo Magalhães, amigo íntimo do apresentador, dedicado à literatura, com mais de dez livros escritos, sendo que o último chamava-se: Adeus, Deus!, um ensaio sobre como o mundo seria melhor se o homem não tivesse criado a figura, a fantasia idiota, como ele próprio dizia, de Deus. Além de cético, já estivera ali por outras vezes, desafiando os homens de fé a lhe provar que Deus era real; moreno de olhos claros, cabelos curtos, quase raspados, óculos redondos sem aros, dependurava nos lábios sempre um deboche, e em suas frases a descrença.

Morte, o outro lado da vida, era o tema da noite; e esse tema trazia pela a arena um fenômeno editorial lançado há apenas um mês: Depoimentos do medo – livro que denunciou evidências sobrenaturais em seis crimes inexplicáveis, fazendo surgir das profundezas das crenças humanas, perguntas que ressoam e ressoará eternamente por sobre a humanidade: Os espíritos, Satanás e Deus existem? O que vem quando não resta mais nada, apenas um corpo putrefato? Seremos nós, atores diante duma platéia de homens mortos?

Esse era o tema da noite – aqueles horrores afixados na imprensa, o sangue derramado e as palavras do investigador numa coletiva: “O fato foi entendido como um suicídio coletivo; um findar de vida combinado”. Dito assim, sem explicação, de rompante, num expressar de desgraça de todo dia.

Mas a imprensa não se calou: O que levou esses jovens há um ato tão bárbaro? Ninguém se mata por folia, havia de se encontrar um pretexto. Além do mais, o mistério se avolumou devido a um sobrevivente que a polícia insistia em esconder.

Algo mudou durante as averiguações, quando um policial que esteve no local, não querendo mostrar o rosto, disse num programa de tevê:

quarta-feira, 26 de maio de 2010

MOMENTO “A LOUCA”:


Tratava-se de um café da manhã entre amigos. Ao redor duma farta mesa, rapazes e moças degustavam o profuso desjejum. E num instante, o anfitrião fez um gracejo tão bem arquitetado que uma moça teve uma enorme crise de risos; de repente, entre as altas risadas, escapou-se uma flatulência. O rosto da moça ficou vermelho e toda a graça esvaiu-se na sonoridade daquele “peido”.


terça-feira, 25 de maio de 2010



UM PENSAMENTO PARA SE PENSAR

Tenho medido minha vida
Com colheres de café.

[T. S. Eliot]



segunda-feira, 24 de maio de 2010

OLHA A FOTO:

Vamos pensar um pouco:


Quanta coisa para se pensar. Tá danado. Roda Mundo... Vai pensando... parado... rodando... pensando...

domingo, 23 de maio de 2010

LITERATURA EM QUESTÃO


Sem grandes afetos


Nesse volume da série que reúne histórias de relacionamentos e aprendizagem, agora dedicada aos genitores, há boas histórias de união entre pais e filhos. Contudo, no transcorrer da leitura de HISTÓRIAS PARA AQUECER O CORAÇÃO DOS PAIS (Editora Sextante; 128 páginas) organizada por Jack Canfield e outros, se comparado com os outros da linha, carece de grandes afetos, como se toda pathos masculina fosse superficial. A idéia do livro de contar boas narrativas e situações ocorridas com progenitores foi cumprida, mas capenga de emoções densas.

 
Trecho:

 
“Numa noite de inverno, eu estava lendo e meu filho, Luke, se aproximou timidamente em silêncio. Ficou fora da meia-lua de luz que vinha de um abajur de bronze de que eu gostava muito. Antigamente ficava na mesa do consultório médico de meu pai.

Naquela época, Luke gostava de me trazer seus problemas mais sérios quando eu estava lendo. No ano anterior fazia isso sempre que eu estava trabalhando no jardim. Talvez ele se sentisse mais à vontade em relação a suas dificuldades quando eu estava fazendo aquilo que ele estava se preparando para fazer. Quando começou a se interessar em ver as coisas crescerem, aprendeu a plantar sementes e a deixá-las na terra ao invés de desenterrá-las na manhã seguinte para ver se tinham crescido. Agora estava começando a ler sozinho – embora ele não fosse admitir para mim.” (página 64)

sábado, 22 de maio de 2010

VEJA VÍDEO

E para animar nada melhor do que Paul Van Dyk

We Are Alive


CARTA ABERTA

Para uma amiga que pretende morar sozinha

Minha querida,

Realmente não há necessidade de pedir-me desculpas ao escrever. Nunca é incômodo ajudar uma amiga. Se você precisa de mim para ser um voto de Minerva em suas indecisões ou aliviar as incertezas de seu coração, meus braços estão sempre abertos para confortar-lhe e quebrar o gelo acumulado em volta de seu coração como um iceberg de problemas.

Mas a primeira coisa a dizer-lhe como conforto é: Nada é complicado. Em nossas vidas devemos seguir uma receita muito simples para temperar os dias: uma colher de razão e um copo de emoção.

Também deixo bem claro que quando você me perguntou onde mora a felicidade, fiquei um pouco chateado contigo. Ora essa! A muito deveria saber que a alegria habita dentro de você. Nessa resposta a sua carta, hei de lhe mostrar como extrair a prosperidade de seu interior e transformá-la no elixir da vida.

Então quer dizer que a situação em sua casa está caótica? Tá danado! Não dê muita importância para o que sua mãe grita. Você não é má filha. Todas as acusações dela vêm de dentro dum coração amargurado. Como o relacionamento dela com seu pai foi um fracasso, essa senhora – minha vontade é tratá-la por epítetos grosseiros – deveria agradecer por ter uma filha trabalhadeira, que terminou os estudos, ao qual a única diversão é dormir uma vez por semana na casa do namorado.

Quanto a essas comparações feitas de ti com a vizinha, a mocinha que vai a igreja, a filha dá fulana de tal: releve; a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa. Seja você mesma, independente do que digam, mostre a que veio, sem ter vergonha de seus atos.

Pelo que sei, já faz sua parte. Foi sua mãe que não quis o seu namorado freqüentado sua casa; dizia que moça descente não recebe homens em casa. Agora me diga, onde ela foi buscar isso? Não era ela mesma, como tu bem me disseste, a pular os muros da escola para encontrar-se com rapazolas?! Sua mãe tem medo duma repetição do passado. Fazer sua parte é o fato importante. Se avisar que vaia a casa dele e se cuidar, está no caminho certo.

Mas essa implicância de sua genitora com seu namoro são dos males o menor. Essa mulher ofende-se com a felicidade alheia, quer ver-lhe fracassada no amor, como se isso a transformasse numa companheira de infortúnio. E nessas fúrias de palavras e proibições, disse-lhe para pagar o aluguel atrasado por ter permanecido nove meses em seu ventre? Isso é um absurdo. O mínimo que uma mamã tem de desejar a filha é felicidade.

Vi as marcas em sua carta, o choro derramado sobre o papel, o borrão apontando seu sofrimento; eu lhe peço, cesse o pranto. Se não tens uma boa mãe, nem pai para lhe dar arrimo, e se isenta seu namorado dos problemas por achar cedo dividir-lhe tamanhas tormentas, cá estou para auxiliar-lhe no possível, respeitando os limites de nossa amizade.

Você não é uma ninfeta safada, freqüentadora de balada que a cada dia agarra um homem diferente, não é usuária de droga ou qualquer outra aberração desse mundo moderno e porco. Sua mãe um dia há de se arrepender dos desatinos contra ti. Muitas mães, e a sua é uma delas, não valorizam a filha que tem e mais tarde choram por terem desejado mais do que estavam no seu limite de exigir.

Quanto as suas possibilidades de dar novos rumos a sua vida, tenho alguns conselhos a dar.

Suas pretensões de morar com seu conversado, seria como sair de um covil para instalar-se num vespeiro. O rapaz sendo filho único, também trás toda a legenda duma mãe protetora; ela aceita o chamego do filho, mas se lhe dessem a escolha, o preferiria livre; e tendo você debaixo do mesmo teto, como qualquer mãe protetora, desqualificar-lhe-ia em tudo, colocando na cabeça de seu xodó, todos os malefícios duma possível união.

Também cogitaste de morar na casa de uma amiga. Para mim outra idéia equivocada, uma vez que pouco sabe da família dela, e eles nada sabem de seus costumes. Em casa estranha, nossas liberdades são ceifadas. Cada qual tem seu modo de vida, e a conhecendo como conheço – a ciumeira que tens de suas coisas, ah, é sensato dizer: não daria certo.

Já daquele conceito de arranjar uma casinha para você e seu afeto morar, juntando seus salários e sonhando com a felicidade dum casal de novela. Esqueça! As novelas acabam, e nem sempre com final feliz. Com dezoito anos é muito cedo para pensar em juntarem os trapos. E digo mais: Além d’ele ser da mesma idade que você, trabalha na padaria do pai. E já aproveitando meu realismo de amigo sincero, seis meses de namoração é tempo insuficiente para se dizer – Eu te amo in aeternum. Quando se passa a morar na mesma casa, os carinhos já não serão tão eternos, ele não é tão cheiroso quando chega do trabalho, e as brigas não encenadas até o momento iriam para o ar ao vivo. Deixe de ser uma menina ingênua e jogue uma colher bem cheia de razão nesse relacionamento.

Portanto, de todas as soluções possíveis de suas desventuras, a mais judiciosa é a de morar sozinha. Esqueça essa bobagem na questão de morar sozinha significar estar sozinha. Ter sua própria casa acompanha responsabilidade e também liberdade. Disse-me que por pior que é sua mãe, ainda assim é uma companhia. Lembre-se de Provérbios capítulo 21 versículo 9: “É melhor morar num canto do sótão do que numa casa grande com uma mulher brigona.”

E para finalizar, podes muito bem receber seu namorado uma vez por semana em sua casa, receber os amigos. Já sobre as despesas, uma pessoa sozinha não gasta tanto quanto se pensa. A propósito do medo de acordar no meio da noite e chorar de tristeza ao ver-se só, liga cá para esse amigo que dorme tão pouco e está sempre disposto a dar-lhe uma palavra amiga.

Beijos,


Com todo amor.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

LEIA MÚSICA

VOCÊ É QUE PENSA



Você é que pensa
Que poderá viver sem meu amor
Você é que pensa
Que poderá viver sem mim
Você tentou tantas vezes
Deixar-me sozinho
Tão sozinho
E tantas vezes você veio
Correndo para mim
Com mais amor e carinho
Sei que você
Voltará novamente
Sorrindo e me dirá querida
Ninguém poderá
Jamais nos separar
Na vida.

[Cantada por Nelson Gonçalves]

quarta-feira, 19 de maio de 2010

PONTO DE VISTA

AS TREVAS SOBRE DEUS


A pedofilia é a sombra nefasta que invade os corredores na basílica de São Pedro tirando o sono de Bento XVI e colocando em ambigüidade as atitudes da Santa Sé.

Mas deixemos de hipocrisia. Pode ser verdade que, ainda quando era cardeal, o atual papa tenha agasalhado alguns pedófilos ou deixado de julgá-los. Erro, completamente erro... Todo crime, independente de ser ou não sacerdote, deve ser julgado com firmeza. No entanto o papá, ao proteger os seus, não se diferencia dos políticos em Brasília ao acobertar os mal feitos, para não sujar o nome da casa.

A indignação popular mira a atual impunidade em que estamos vivendo: pedófilos apenas transferidos, políticos inocentados de barbaridades, mulheres assaltadas dentro de delegacias sendo assistidas por policiais de braços cruzados, crianças que somem do útero da mãe.

Parece estar iniciando-se um novo Período das Trevas, mas diferente da Idade Média, o definhamento das luzes não é a intolerância da fé, e sim a completa falta dela. Existe um falso moralismo no ar; falasse muito que as pessoas estão se esquecendo de Deus – é verdade, inclusive Deus está ausente até das igrejas. As protestantes não perdem a oportunidade de exorcisar seu fieis e gritar ao vento o nome de Satanás, como se dizendo seu nome pudessem ir se afastando dele. Já a Católica vem a muito perdendo a moral com o Todo-Poderoso.

Hoje, ao invés de falar de fé, dentro dos templos falasse leis, política, casamento entre pessoas do mesmo sexo, entre muito outros assunto desconectados da religião. Daí a César o que é de César. Jesus não esteve na terra para ensinar os romanos a governar ou lutar pelos diretos das prostitutas; ele veio pregar o amor e o perdão, veio passar a mensagem do Pai. Os homens de fé deveriam falar mais de Deus e menos de problemas sociais, e assim a fé conduzira o rumo de suas vidas e escolhas.

O sol de nossa esperança brilha cada vez menos num céu sem nuvens, os rios de nossa justiça vão baixando e os mares de um mundo melhor se encolhem; os riachos de nosso amor pelo próximo e os regatos de carinho secam a olhos vistos; as montanhas de nossas forças se crestam, amarelando numa total demonstração de desespero.

O único fio de esperança que surge, são atitudes como do senador Magno Malta, que age com perseverança diante dessas barbaridades de homens dos homens ditos figuras de Deus.

O desejo geral não é o retorno da inquisição, mas que a igreja usasse um por cento de sua fúria daquele tempo contra esses sacerdotes do Satanás, assassinos de almas, destruidores de famílias e mancha pútrida na imagem no que seria a casa de Deus. Deixe o perdão para esses mostro quando forem ao encontro do Pai; na terra eles merecem no mínimo prisão perpétua ou castração química e nunca mais pisarem numa igreja. Enquanto o Papa não mostrar consistência, haverá um verdadeiro êxodo nos templos papistas.

Aos verdadeiros homens de fé fica apenas uma opção: punir na terra e pedir aos céus o distanciamento do ódio, violência e exploração, chamando para junto de nós a gentileza e misericórdia, afastando-se duma vez essa treva tênue que vagarosamente vai cobrindo em nossos corações a figura de Deus.

terça-feira, 18 de maio de 2010

RECEITAS DA MAMÃE

Bolo Gelado


BOLO:

6 ovos
3 xícaras de açúcar
1 xícara de água morna.
3 xícaras de farinha de trigo
1 colher de pó Royal

Bata as claras em neve; misture as gemas como o açúcar até formar um creme. Peneire a farinha, coloque a água e as claras. Acrescente o pó Royal; coloque a massa na forma e asse em forno pré-aquecido.

CREME

1 gema
1 lata de leite condensado
1 lata de leite comum
1 xícara de açúcar
1 colher de maisena

Leve tudo ao fogo até engrossar. Retire do fogo e coloque 1 lata de creme de leite sem o soro.
Recheie o bolo, passe no leite de coco, leite e leite condensado, depois disso passe no coco ralado e embrulhe no papel alumínio e guarde na geladeira.

(O meninão da foto gostou; olha a cara dele)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O MEU LIVRO

Não sonho
com estrelas

Capítulo 1
(Entrevista com a morte)
Parte II


Trancado em seu escritório, detrás do estúdio, Drummond esperava os vendavais passar, aprontando outros convidados que lhe fariam a audiência explodir nos marcadores. Nunca, num passado curto, imaginou ser apresentador de televisão; quando jovem – filho dum promissor e abastado psicanalista – pensava pisar por sobre as pegadas do pai, trilhando o caminho que o levaria a um consultório, curando, supostamente, a loucura incurável. Contudo, trancafiado na biblioteca de sua casa, foi descobrindo os pensadores, analisando os adágios de Cícero, Sócrates, Confúcio; quando chegara o momento da verdade – a escolha da profissão – deixou o pai com a clientela, adentrando no campus, sentando-se na primeira carteira duma turma que se tornariam Filósofos.

Na mesma carteira, dois anos de muito amor pela Filosofia, quis aprofundar-se não só na história do pensamento, quis arriscar-se a cavalgar a própria História: de manhã, ocupa-se com Francis Bacon, Arthur Schopenhauer, Bertrand Russell e Émile-Auguste Chartier; a noite, logo após as 19 horas, tinha-se sobre a mesa, onde outrora se encontrava os circunspectos pais do pensamento, a história do mundo: a Idade da Pedra, o Renascimento e a contemporaneidade.

Quando se formou em Filosofia, tinha idéias de escrever livros questionadores sobre a sociedade, a moral, a ética e a política; entretanto, quando recebeu o certificado de História, a idéia era romancear a biografia do mundo.

E o fez: escreveu em um ano três novelas muito bem pesquisadas: o primeiro se passava no Brasil de Pedro II, em seguida teceu a história da colonização da América e por fim articulou a mais bela narração sobre a famosa invasão à Tróia. Essas obras puseram-lhe na estante grandes prêmios de literatura e traduções em vários países. Por fim, depois de mais dois anos de pesquisa, lançou uma trilogia que discorria de forma simples e arrebatadora os períodos homéricos, arcaicos e helenísticos; com isso tornou-se um dos escritores de romance histórico mais conhecido no mundo, e lhe caíram os olhos duma emissora que gostaria de tê-lo para apresentar um programa de entrevista.

De início a idéia era entrevistar escritores, mais isso Osmar não quis. Onde já se viu palrar com seus concorrentes; ele era o grande escritor que queria falar com gente do povo, assuntos da populaça – surgia Divã.

Tivesse apenas fama e inteligência, já teria contrato assinado para tevê; no entanto, apresentava mais atributos: duma simpatia que fazia o coração duma megera encher-se de luz – bastava aquele sorriso brilhante cortar-lhe a face – a pele branca exposta aos refletores dava-lhe brilho, como se ali estivessem vendo uma divindade; o cabelo grisalho, sexy nesses tempos onde o assunto era maturidade, ia-se muito bem com àqueles lagos de águas cristalinas – como lhe dizia as fãs, numa referência vulgar de seus olhos. Não havia quem acreditasse que aquele homem, de corpo tão esbelto e ao topo de quase dois metros, já ia pondo os pés na casa de sessenta e três verões; e que as fãs não se animassem muito a seu respeito, uma vez que trazia ao braço, no seu passeio pelas ruas, sua senhora, mulher que lhe dera dois lindos rapazes e uma bela moça.

Nessa hora, por debaixo dos refletores, ocupando sua cadeira com estofo azul, e com as mãos cruzadas posta por cima da mesa com tampo de vidro, ele esperava...

O cenário duma cor clara compunha-se da mesa do apresentador, do lado esquerdo uma mesa de mesma cor, com tampo de madeira, tinha duas cadeiras já ocupadas por dois convidados, e a da direita vinha da mesma forma atalhada; a parede do cenário à direita tinha a grande imagem da Represa Municipal, expondo seu encanto do sol da tarde; a esquerda resfolegava a imagem do imponente Mercado Municipal – um prédio antigo, dos tempos onde à cidade ainda não tinha seus mais de quatrocentos mil habitantes, ocasião em que o mercado era o grande centro de compra; e, defronte a platéia de 200 pessoas, por detrás do apresentador, presa na parede, como a aranha que prende a mosca, a Meca de São José do Rio Preto: o Calçadão, cerne de aquisição que tinha por seu calçamento as passadas da populaça – público alvo do show.

A idéia do cenário era mostrar ao povo que a atração lhes pertencia. Porém, ao centro, na cadeira vazia, de estofo azul e de encosto alto, os olhares esperavam se deitar, uma vez que ali, em instantes, sentar-se-ia à morte – como anunciava os comerciais.

domingo, 16 de maio de 2010


MOMENTO “A LOUCA”:


Um rapaz sentado no terminal rodoviário lendo um livro; uma senhora senta a seu lado e pergunta:
— Do que é esse livro?
O jovem responde:
— De papel!

sábado, 15 de maio de 2010

UM PENSAMENTO PARA SE PENSAR

Ah, que teia emaranhada
Nós tecemos,
Assim que começamos
A enganar!

[Sir Walter Scott]

OLHA A FOTO:




O namorado da Magali em:

O roubo da melancia:


Eis aí um larápio cheio de astúcia, pronto para, de um só golpe, devorar...

(Meu sobrinho e afilhado: ALEXANDRE, o Pequeno.)

LITERATURA EM QUESTÃO

Da televisão para o papel

Foi como se ao longo de sua existência Jô Soares resolvesse anotar todas as piadas contadas durante as festas de família e depois unisse isso num volume. Essa é a impressão que se tem ao ler O ASTRONAUTA SEM REGIME (Editora L± 116 páginas). Mas isso não faz de Jô Soares menos genial no seu modo de narrar. O texto mantém os traços televisivos, o mesmo estilo, o mesmo aspecto, sendo que entre os contos encontra-se um humor inteligente e outros pouco engraçados; são fábulas, testes, frases, um dicionário imbecil, enfim, o livro mostra impresso o que Jô faz na televisão... Ainda assim, um bom livro de estréia.

Trecho:

“Os telegramas devem ser curtos, não só por causa do preço mas também para poupar o telegrafista que fica o dia inteiro sentado, batendo monotonamente numa única tecla. Um telegrafista é como um pianista que só tocasse o samba de uma nota só a noite inteira. Além disso o telegrama tem seus próprios códigos dentro do código Morse. Por exemplo: ponto é escrito ponto mesmo, por extenso, porque se o telegrafista em vez de escrever ponto, sinalizar apenas um ponto, estará escrevendo a letra “E”. viram como é simples? Quanto à virgula, nem se fala. Ninguém manda virgula por telegrama.” (página 58)

VEJA VÍDEO

Aproveitando o vÍdeo da semana: O TOMBO DE ANA MARIA BRAGA; nada melhor do que essa bela montagem:

CARTA ABERTA

Para uma amiga do passado:


Olá! Tudo bem?

Você não tem idéia do tamanho de minha saudade; apesar de termos passados poucos anos de convivência, esses três anos foram extraordinários e intensos.

Três anos! Anos formidáveis. Mas agora você se foi, e apesar disso, para mim você será sempre a amiga inesquecível: sua vibração, sua energia, seu entusiasmo agudo. Tu foste como um meteoro preso a minha alma, me fazendo subir vertiginosamente na direção de meus objetivos. Que saudade da sua visão da vida, seu talento e sua emoção.

Nem sempre a compreendi, mas desde o primeiro instante soube o que você seria para mim, senti que você era diferente, importante e especial.

Nesses anos, entre nós houve conflitos, explosões, picos e vales, cumes, amanheceres, poentes e tempos de paz. Foi o Everest. O máximo. O lugar que eu sempre quis alcançar. Desde o principio fora o meu sonho, o céu e o inferno; e, de vez em quando, entre um e outra: o Purgatório.

Você deu outro significado, cor e intensidade à minha existência, e por muitas vezes me aterrorizava profundamente com suas idéias.

Paz, aceitação e amor vieram com o tempo. As lições que aprendi foram vencidas e obtidas com dificuldade.

Você foi o meu maior desafio, eu incorporei seus piores temores; e, no final, ajudei-lhe a cicatrizá-los. Com o tempo nos ajustamos como duas peças de um quebra-cabeça, sem arestas nem estigmas.

Nesses três anos de convivência descobri o significado da amizade: esse sentimento cheio de tumultos e estímulos, de vez em quando abarrotado de desordem interna, mas infinitamente raros.

Minha querida amiga... Ah, como foi diferente... Ao seu redor eu descobri um mundo fora do comum: com seu olhar visionário, criou a indústria do amor, o império da amizade, expandira o mundo do carinho nesse meu coração tão árido; e ao fazer isso, ampliou os horizontes além do que poderia imaginar, compelindo-me a quebrar barreiras, constantemente indo longe.

Nunca me aborreci verdadeiramente contigo, meu coração não permitia amuamento contra ti. O sentimento de zanga aparecia e desaparecia com a rapidez dum raio.

Nesse momento não está do meu lado, mas sempre estará em meu coração e esse amor se perpetuará. Meu mundo gira ao redor do seu, e você é quem vive no centro da minha alma. Dentro do meu coração tu és indestrutível, infalível, invencível, imortal.

Às vezes, da janela do meu quarto olho a noite e vejo-a se afastando de mim, mas de repente você volta sorrindo. Sento-me durante muito tempo na beira da cama, pensando em tudo que vivemos enquanto meu quarto se enche de um silêncio incomensurável.

O que farei da minha vida agora que você se foi? Como viverei sem você? Por que eu a perdi? Essa amizade podia ter se transformado num lindo caso de amor.

Você fizera todas as feridas do meu coração cicatrizar. Foi você que me abriu os olhos e me ensinou tantas coisas sobre mim mesmo e sobre o mundo.

Voe minha amiga... Voe meu amor. Meus temores agora se afastam, desaparecem. Você irá voar como sempre fez, em seu próprio céu, podendo ou não vê-la de perto. Mas onde quer que você vá, estará em meu coração.

LEIA MÚSICA

Wave

Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...
O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho...
Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade...
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver...
Vou te contar...

[Cantada por Daniel Jobim]

PONTO DE VISTA

A superação de Luciana


Não se pode negar que Manoel Carlos foi um dos pioneiros da televisão brasileira. Da mesma forma há de se assumir que foi autor de grandes sucessos como POR AMOR (1997) e LAÇOS DE FAMÍLIA (2000). Porém torna-se inegável sua inaptidão em transformar VIVER A VIDA em mais um sucesso.



Antes que a novela fosse ao ar, Manoel Carlos prometeu um punhado de histórias humanas onde homens e mulheres viveriam dramas e comédias, dando soluções aos seus conflitos e superando suas dificuldades.



De humanas todas as histórias tinham um pouco, mas de comédia, tudo caiu por cima de Camila Morgado, que seria uma jornalista responsável por transmitir os abalos da crise financeira, contudo seu personagem tornou-se um quadro puramente humorístico.



O sonho de uma Helena jovem que abrisse um leque de novas possibilidades foi para Taís Araújo um presente de grego. Cadê a felicidade que ela teria ao lado do homem mais velho depois de muito lutar?



A Helena dessa trama foi muito mais a Tereza, papel de Lilia Cabral, do que de Taís, não por ela não ser boa atriz, mas pela estrutura do papel.



O grande destaque dessa trama foi só um: Aline Moraes, uma menina que mostrou ser uma das melhores atrizes da nova geração. Luciana tornou-se o alicerce da novela, a emoção e o real exemplo de superação; se houvesse só ela e Lilia, a novela teria sido um sucesso. De todas as cenas desses meses de trama, ambas atrizes foram à essência da novela (outra cena emocionante foi o morte de Bene) o restante do elenco, apenas figurantes de luxo. E com certeza VIVER A VIDA deveria se chamar A SUPERAÇÃO DE LUCIANA.

RECEITAS DA MAMÃE

MASSA DE PIZZA
                               A mamãe fazendo Pizza                                       Minha irmã não me deixa comer pizza

1 copo de leite
1 colher de açúcar
½ colher de sal
1 colher de fermento fresco
2 colheres de manteiga
2 colheres de óleo
Farinha de trigo até dar o ponto de enrolar

O MEU LIVRO

RETROCESSO é uma trilogia que começa com o volume NÃO SONHO MAIS COM AS ESTRELAS, a insistência para que eu escrevesse um livro foi dada por dois amigos: Ederson Marques e Bruno Pereira; e foi depois da visita a um sitio que me inspirei para escrevê-lo. Abaixo se encontra a primeira parte:

Não sonho
Com estrelas

Capítulo 1
(Entrevista com a morte)
Parte I

1º. De dezembro de 2007

Anunciava-se na televisão, diante dos olhos ávidos dos telespectadores, durante os intervalos comerciais – seja isso ao meio de telejornais, novelas ou qualquer que seja o programa – as chamadas duma atração conhecida como Divã.

Dizia-se durante o informe, que a morte seria entrevistada naquela noite. Isso punha os espectadores mais próximos do aparelho, segurando mais firme os braços da poltrona, querendo que a mensagem se repetisse. Se os produtores tinham por meta angariar telespectadores, o primeiro alvo já fora alcançado. Quem não tem dentro de si a comichão da curiosidade?

Aquela equipe trazia na boca o gosto do sucesso; e na mente, idéias para mantê-lo sempre líder de audiência, dobrando, como vinha acontecendo, o número de patrocinadores e angariando fundos muito polpudos para a emissora. Esse dinheiro começou vir um pouco mais fácil quando o programa, estando no ar há apenas um ano, leva dum júri, por unanimidade, o Troféu Imprensa na categoria de Melhor Programa de Entrevista de 2006. Pronto, tendo em mãos uns dos maiores prêmios da televisão brasileira, choviam patrocinadores, e por muitas vezes outros patronos eram recusados. O feito impressionava a crítica, que tecia por entre as páginas de jornal comentários que enalteciam as qualidades dos elaboradores e do apresentador.

Por esses dias, no caderno de televisão, um jornalista de grande credibilidade escreveu: A muito a televisão brasileira não via qualidade, imparcialidade e respeito, dentro de atrações televisivas O programa Divã é prova de que pode haver informação e cultura dentro de um veículo popular... E ia-se longe esse texto, quase toda página, muitas e muitas linhas, até que no último parágrafo, dava-se o nome do criador do programa, Osmar Drummond, que também tinha por função apresentar o show: composto quase de um plágio do programa Roda Viva da TV Cultura: o ancora e mais quatro debatedores escrutinavam o entrevistado com qualquer tipo de pergunta, obtendo por resposta, muitas vezes, rugas na testa ou um silêncio quebrado pela curiosidade de outrem.

Genuinamente palco de assuntos que deixava outras emissoras temerosas, Divã trazia a baila, como fez no seu programa de estréia, pondo na arena um médico favorável à eutanásia, assuntos que os amantes da televisão, pagando com sono a menos, paravam para assistir. Houvera há dias, até mesmo um sacerdote partidário da união homossexual, com citações bíblicas da importância do amor sem distinção de sexo ou cor. Aí é que se montou escândalo: jornais diziam da pachorra deslavada com que Osmar apresentava aquilo, trazendo na face uma máscara de sarcasmo e nas mãos o próprio tridente de Satanás, a cutucar de forma escandalosa a Santa Madre Igreja; essa, por sua vez, despejara nas portas da emissora, seus bispos, a apontar os dedos aos produtores e patrocinadores, clamando para que se tirasse do ar aquela anunciação do apocalipse.

Dias foram necessários para que os nervos parassem de latejar, foi-se Osmar descansar nas praias de Ipanema e ouvir, sem ter pedido, jornais tecerem-lhe comentários de apoio: a ditadura e a censura foram-se a muito e podia o homem opinar sobre o que bem entendesse. Não tinha o telespectador o controle-remoto em mãos para mudar de canal? Que o fizesse, então!

E assim, deixando as águas salinas da terra da Bossa Nova, Osmar voltou aos estúdios da emissora, nas terras do interior de seu estado de origem. Formulou mais entrevistas, e não se passou dias no ar sem que houvesse novo escândalo, novas passeatas dos defensores da moral, e picos de audiência; dessa vez tudo se devia as palavras de um especialista em relações sociais: O casamento estava morrendo, o homem tem que se entregar aos deleites da poligamia! Bastou essa citação do “ser” para que se fizesse novo pandemônio.

MOMENTO "A LOUCA":

Casamento em uma igreja evangélica, noivos diante do pastor, platéia lotada e de repente uma criança de seis anos grita:
- O padre sumiu!
Uma moça sentada ao seu lado diz:
- Não sumiu não, meu querido, é aquele - e aponta para o pastor.
E nisso o menino fala mais alto:
- Cadê o vestido do padre?

UM PENSAMENTO PARA SE PENSAR:



Que a tapeçaria de suas vidas seja entrelaçada
Com os fios róseos do amor,
Os vermelhos profundos da paixão
Os azuis suaves da compreensão e do contentamento,
E o prateado brilhante, muito brilhante do humor

[Nora Roberts]

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Para não descrever fisionomia, é só olhar a fotografia. O que eu gosto mesmo é livro, o deleite da ficção, o caminhar tranqüilo por histórias de outros, ou aquele navegar mais conturbado pelos volumes de Filosofia; aperto por muitas vezes as mãos de Platão, discordo de Sócrates, aplaudo Ruy Barbosa, sendo meus camaradas. Construo o alicerce de minha vida com alfarrábios.